21 de dezembro de 2007

A arte da Capoeira

Campo Novo do Parecis conheceu esta arte afro-brasileira reconhecida mundialmente como Capoeira através do professor Sérgio, no ano de 1999. Apelidado na Capoeira como “Sérjão”, o mesmo conseguiu realizar um bom trabalho dentro do município, e dois anos depois teve que se ausentar deixando um de seus alunos dando continuidade ao trabalho, o Instrutor Anderson Cleiton “Buchinha”. Este permaneceu nas atividades até o ano de 2004, cedendo lugar ao Instrutor Maurício “Facão”. Atualmente o município tem um belo trabalho com o Centro Educacional de Apoio e Desenvolvimento Cultural Aruandê Capoeira. O Centro Cultural Aruandê tem como objetivo resgatar, valorizar e difundir os fundamentos da Capoeira, que nada mais é que uma manifestação cultural brasileira.

A capoeira está implementada no Núcleo Central de Oficinas e nos Projetos Gira Sol e Projeto Aplauso dando assim oportunidade a todos que desejam conhecer um pouco mais sobre esta arte. Ela oferece vários benefícios aos arte-educandos como, por exemplo, benefícios psicológicos desenvolvidos: atenção, percepção, criatividade, persistência, capacidade de iniciativa, coragem e segurança. Esta atividade pode desenvolver nos arte-educandos respeito por uma hierarquia e sua inserção na sociedade, ajudando também os jovens a ter um bom direcionamento em sua vida. Campo Novo do Parecis esta inserida no mundo da Capoeira.

Um pouco da História... O Brasil a partir do século XVI foi palco de uma das maiores violências contra um povo. Mais de dois milhões de negros foram trazidos da África, pelos colonizadores portugueses, para se tornarem escravos nas lavouras da cana-de-açúcar. Tribos inteiras foram subjugadas e obrigadas a cruzar o oceano como animais em grandes galhetas chamadas de navios negreiros. Pernambuco, Bahia e Rio de Janeiro foram os portos finais da maior parte desse tráfico. Ao contrário do que muitos pensam os negros não aceitaram pacificamente o cativeiro; a história brasileira está cheia de episódios onde os escravos se rebelaram contra a humilhante situação em que se encontravam. Uma das formas dessa resistência foi o quilombo; comunidades organizadas pelos negros fugitivos, em locais de difícil acesso. Geralmente em pontos altos das matas. O maior desses quilombos estabeleceu-se em Pernambuco no século XVII, numa região conhecida como Palmares. Uma espécie de Estado africano foi formada. Distribuído em pequenas povoações chamadas mocambos e com uma hierarquia onde no ápice encontrava-se o rei Ganga-Zumbi, Palmares pode ter sido o berço das primeiras manifestações da Capoeira. Desenvolvida para ser uma defesa, a Capoeira foi sendo ensinada aos negros ainda cativos, por aqueles que eram capturados e voltavam aos engenhos. Para não levantar suspeita, os movimentos da luta foram sendo adaptados às cantorias e músicas africanas para que parecesse uma dança. Assim, como no Candomblé, cercada de segredos, a Capoeira pode se desenvolver como forma de resistência. Do campo para a cidade a Capoeira ganhou a malícia dos escravos de 'ganho' e dos freqüentadores da zona portuária. Na cidade de Salvador, capoeiristas organizados em bandos provocavam arruaças nas festas populares e reforçavam o caráter marginal da luta. Durante décadas a Capoeira foi proibida no Brasil. A liberação da sua prática deu-se apenas na década de 30, quando uma variação da Capoeira (mais para o esporte do que manifestação cultural) foi apresentada ao então presidente, Getúlio Vargas. De lá para cá a Capoeira Angola aperfeiçoou-se na Bahia mantendo fidelidade às tradições, graças principalmente ao seu grande guru, Mestre Pastinha , que jogou Capoeira até os 79 anos, formando gerações de angoleiros.